Editorial

Cobranças são necessárias

“Não é hora de apontar dedos” é uma frase sempre repetida quando acontece alguma tragédia. No entanto, quando é a hora? A tragédia que assola o Rio Grande do Sul era anunciada há dias por órgãos de meteorologia e, mesmo assim, vimos, mais uma vez, despreparo na hora de lidar com algumas situações. Porto Alegre, por exemplo, grita incompetência quando se vê as imagens dos sacos de areia mal colocados no Muro da Mauá, que serve de contenção para a água do Guaíba não entrar na Capital.

A crítica é sempre vista com nariz torcido, principalmente por quem a sofre, mas não deveria ser assim. É um mecanismo para orientar-se, refletir sobre o que está fazendo e abraçar outro ponto de vista. Vivemos em um momento da história em que qualquer comentário de desacordo é visto como “ataque” e não precisa ser assim. Em momentos complexos como os atuais, há que se ter total sensibilidade para não usar tragédias como palanque para desferir golpes. Mas também não dá para deixar erros passarem impunes.

É papel também da imprensa alertar nossos governantes para equívocos e desatenções. Por aqui, o Diário Popular, e certamente outros veículos, desde terça questionam a Prefeitura e Defesa Civil sobre as regiões costeiras, como Pontal da Barra e Z-3. É aprendizado básico após o caos do ano passado. No restante do Estado, deve haver pressão também. Não se aprendeu nada com o que aconteceu em setembro? Houve falha? Por qual motivo o orçamento de Defesa Civil no Estado é tão escasso? Por qual motivo não foram feitas intervenções em áreas sensíveis, sabendo que vivemos tempos de extremos climáticos? Por qual motivo a legislação ambiental não foi reforçada para proteger encostas de rios?

São muitas perguntas. Também há que se questionar o governo federal. Não dá para aceitar que ajudas que virão esbarrem em burocracia. Não dá, também, para entender o motivo para não haver um deslocamento em massa das forças armadas para o Estado. Em entrevista na sexta-feira, o governador Eduardo Leite (PSDB) citou meia dúzia de helicópteros. Cadê o efetivo total? Onde estão os militares, que não aqui? Não é possível que haja assunto mais urgente no País hoje. Portanto, qualquer efetivo nacional que possa ajudar e não está aqui, está errado.

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